A fotografia, para Martins Sarmento, foi um instrumento de trabalho de importância fulcral no processo de investigação arqueológica e também para a divulgação dos seus achados e das conclusões dos seus trabalhos.
Vivia-se um tempo ainda inicial (tinha poucas décadas a primeira imagem fotográfica conhecida) mas já de pujante desenvolvimento da ciência e da técnica que envolvem esta forma de registo de imagem que, com as suas inovadoras carecterísticas e virtualidades, se inseria de pleno no espírito de curiosidade e de avanço do conhecimento característicos da época.
Sarmento verificou que as características da fotografia constituiam um poderoso e único meio de observação e documentação. Contudo, não se limitou a ser um “utilizador” da fotografia. O seus cadernos revelam um estudo sistemático dos materiais, dos intrumentos e das técnicas, através, nomeadamente, do registo e discussão das experiências realizadas e dos seus resultados de modo a obter imagens cada vez mais perfeitas. O seu trabalho era realizado no estúdio que montou em anexo ao Palacete do Largo do Carmo, em Guimarães, e partilhava experiências com outros fotógrafos e investigadores. Por outro lado, fosse como forma de experimentação, fosse para recolha dos seus próprios álbuns, não circunscreveu o âmbito dos objectos fotografados aos trabalhos e peças arqueológicas; a sua fotografia voltou-se para outros cenários, incluindo pessoas e ambientes naturais.
Em qualquer das suas vertentes, a actividade fotográfica de Francisco Martins Sarmento é na sua época ainda pioneira e o acervo que produziu tem importante significado, considerando-se o volume e a riqueza documental que encerra.
A Sociedade Martins Sarmento, com esta realização, homenageia o seu patrono, sobretudo, dando continuidade a um caminho fecundo que ele próprio cultivou e apontou.
Guimarães tem sido amplamente fotografada, muito especialmente o seu Centro Histórico e Património Classificado. A Muralha – Associação de Guimarães para a Defesa do Património, através de algumas das exposições fotográficas que sistematicamente tem levado a efeito, realizou verdadeiros levantamentos fotográficos que constituem valiosos contributos para a recolha de novas imagens e para a descoberta e revelação de objectos e temas menos observados ou até desconhecidos: pormenores de arquitectura, pontes, conjuntos rurais, … . O CineClube de Guimarães, designadamente, publicou três volumes dos seus Cadernos de Imagens em que, com acompanhamento de texto, se descortinam pessoas, grupos, ambientes que nos aproximam com outros olhos de realidades que nos cercam, por vezes num convívio decadente.